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terça-feira, 14 de junho de 2011

Oficina G3



Falando de Jesus através do rock ‘n’ roll


A música evangélica, usualmente chamada de Gospel, é hoje um mercado exigente. Embora para os que estão de fora isso não fique evidente, é um mercado que cresce de forma acelerada e que constitui uma espécie de ‘mundo paralelo’.
O Oficina G3 não só é parte desse mundo como é também responsável pelas raízes do estilo no Brasil. Formada por Juninho Afran (guitarras),
 Duca Tambasco (baixo), Jean Carllos (teclados)
 no final da década de 80, a banda tem a proposta - óbvia - de difundir
 os princípios e a fé cristã através de sua música.
 Sempre engajados em questões sociais
 o trio investe também em temas como drogas,
 corrupção e a devastação do meio ambiente.
Na entrevista que segue, o tecladista Jean Carllos conta 
um pouco sobre a jornada do Oficina G3. Confira.



O mercado da chamada música Gospel tem crescido de forma 
considerável no Brasil. A que vocês atribuem esse crescimento?
 Haverá, na opinião de vocês, uma busca crescente 
por espiritualidade ou será que o desencanto com a 
realidade política e o medo da violência levam as
 pessoas a procurar mais a religião cristã e, conseqüentemente -
 a música cristã?


Jean Carllos: Eu considero 3 fatores importantes, o primeiro é que os músicos evangélicos entenderam a necessidade de se 
profissionalizarem mais e sempre.
 E isso começou a acontecer em grande escala,
 fazendo com que as músicas se tornassem mais inteligentes
 (parte musical) e melhor arranjadas. O nível musical cresceu. 
Assim cresceu também os arranjos, as letras, as melodias. 
Ponto pra nós. O segundo fator - pra mim, o povo brasileiro
 tá ficando cansado de tanta porcaria que se ouve nas rádios.
 É tanto lixo verbal e musical que os ouvidos estão ficando cansados.]
 Isso de quem um dia gostou de tais músicas.
 Estamos vivendo um momento de pura mídia, onde a qualidade 
é o que menos importa, basta colocar um ritmo 
e uma voz desafinada e pronto.
 E o terceiro fator é o que você sugere. Realmente
 as pessoas estão mais descrentes com a política, 
com o mundo, com a vida que estão levando. 
Assim, o desespero, a busca, a vontade de ser feliz,
 faz com que se pare e tente de tudo, inclusive conhecer
 o que cantamos há muito tempo.



Vocês estão na estrada há 18 anos, como avaliam essa jornada até agora?


Jean Carllos: Positiva. Sempre positiva. São 18 anos
 de trabalho pregando e falando sempre da mesma pessoa, Jesus.
 Fico feliz com o resultado obtido a cada show, cada ano.
 Olho pra trás e vejo dezenas de milhares de pessoas que
 conheceram a Jesus e que hoje vivem felizes. 
Possuem problemas, mas são felizes e os superam sempre.
 Esse é o principal objetivo do nosso trabalho. 
A música faz parte das nossas vidas e se aperfeiçoar é mais que obrigação. É o que temos feito. Tentamos superar os limites antigos e buscamos outros. Assim, temos alcançado êxito no que desejamos desde o começo fazer: falar de Jesus através do rock and roll. Pra nós, o que vier é lucro.


Em algum momento de suas carreiras houve algum tipo de dúvida quanto a unir o rock e a fé cristã, no sentido de questionar se eles combinavam ou qual seria o diálogo entre esses dois pólos sempre tão distanciados na história da música contemporânea?


Jean Carllos: Em nenhum momento isso pintou na nossa cabeça. Para nós, Deus é o criador de todas as coisas. Nós, os homens é que detonamos tudo. Desvirtuamos sempre as coisas ao nosso favor, começando assim os problemas. A igreja tem a obrigação de avaliar tudo, sempre. Afinal se não fizer isso, qual a diferença entre ela e o estilo de vida fora dela? Assim, tudo demora um tempo para ser absorvido, estudado, conhecido. Uma vez provado que o rock foi e é um instrumento poderoso para falar aos jovens, porque não usá-lo? Como uma faca na mão de um assassino e de um cozinheiro, pode-se fazer o que quiser, só depende de quem a usa.


Por serem grandes na cena musical evangélica brasileira, vocês sentiram em qualquer momento, ou lugar onde tenham se apresentado, algum tipo de preconceito/inveja por parte dos próprios evangélicos? Ou essa é uma pergunta descabida?


Jean Carllos: Sim. Vou ser bem sincero quanto a isso. Somos um povo desunido. Não nos entendemos em diversos aspectos. Por isso não somos mais fortes. Por isso, talvez você não tenha sentido a vontade de conhecer a Jesus de uma forma profunda. Digo isso porque acredito que se fossemos exatamente o que pregamos, o mundo veria que não há sentido em se viver sem Jesus. Mas somos humanos. Falhos. E estamos aprendendo. Assim, sofremos com isso. Talvez até mais do que no meio secular, porque dentro do “universo evangélico” existe muita coisa ridícula. Por exemplo, se quero gravar uma música de outra gravadora, e bem provável que não consiga, simplesmente porque não existe a visão profissional da coisa. Sempre é muito pessoal. E pra mim isso tem que acabar. Entre bandas eu diria que diminuiu muito a concorrência, mas ainda existe. Ao invés de se juntar forças, ainda existem aqueles que querem as coisas só pra eles... ainda temos que amadurecer e muito nesse sentido.


Nos anos de 2002 e 2003 a banda excursionou pelos EUA e Europa. Como foi esta experiência? Ajudou a banda a crescer no mercado musical? Ou vocês vêem a experiência apenas como uma forma a mais de difundir seus princípios?


Jean Carllos: Sim, sempre ajuda. Dá experiência, maturidade. Tocar fora do país e em português faz com que você veja quem você realmente é. Porque lá fora as multidões são menores, os shows são mais introspectivos, os lugares são menores. Assim podemos ver que somos apenas instrumentos nas mãos de Deus. Temos alguns projetos de gravar em inglês, espanhol. Todo ano voltamos aos EUA, e sentimos que um trabalho em inglês nos levará mais longe. É engraçado, mas o simples fato de se tocar no exterior, faz com que o preconceito de sermos evangélicos caia para algumas rádios no pais. É como se isso fosse o reconhecimento de que nossa música é boa e pode ser tocada nas FMs que não tocavam antes. Bem, isso não é novidade, sabemos de várias histórias de artistas seculares que só fizeram sucesso no país depois que tocaram fora ou que gravaram em inglês.


Em 2003, o guitarrista/vocalista PG saiu da banda. Como foi esse período?


Jean Carllos: Bem, ele não era guitarrista. Era o vocal da banda. Ficamos tristes com a decisão dele. Foi unilateral. Ele decidiu e saiu. Os motivos? Estão com ele até hoje, afinal ficamos surpresos como todo mundo ficou. Mas a vida continua e Deus é tão bom, que logo após sua saída, tínhamos um CD para entregar à gravadora. Não tínhamos nada, música alguma. Compomos, produzimos e gravamos tudo em 6 meses. Pra nós isso é um tempo muito curto para se criar, do zero, tudo. Deus foi fiel e cuidou de nós.


Há quem diga que a fase com PG foi mais ‘romântica’ e que depois disso o som do Oficina G3 ficou mais pesado. Vocês concordam com isso?


Jean Carllos: Não. Sinceramente não. O G3 é composto por gente que pensa. O som que fazemos hoje é conseqüência de 3 cabeças: Jean, Juninho e Duca. Misturamos tudo, levamos ao nosso produtor e o resultado é o som do G3. Quando o PG era da banda ele também opinava. E isso refletia no som que saía. É isso. Se ficou mais romântico ou mais pop durante sua estada na banda, era porque os 4 concordavam com o que se ouvia. Hoje, os 3 entenderam que o melhor som pra nós é o que se fez. Mas isso não nos obriga a fazer apenas um som mais pesado. Fazemos o que vem à cabeça e tocamos o som que nos faz sentir bem. Vamos ver como vai sair o próximo trabalho.


Além das mensagens evangélicas, o Oficina G3 fala sobre drogas, corrupção e meio ambiente. Que tipo de experiências/livros/etc inspiram na hora de compor as canções?


Jean Carllos: Sinceramente, não precisamos ler muita coisa hoje não... e só ligar a tv, ouvir as manchetes nos jornais e nos programas banhados a sangue e propinas. Sinceramente não sou muito de leitura. Leio, mas não me lembro de ter tirado inspiração para as músicas do g3 de nenhum livro a não ser a Bíblia. Por quê? Simplesmente porque se você ler a bíblia vai ver que parece que foi escrita ontem... e foi escrita há muito tempo atrás... É um livro tão moderno que assusta muita gente. Pode ter certeza, é melhor do que qualquer Harry Potter.


Quais as bandas/artistas que vocês costumam ouvir? Além de bandas que também investem em temas bíblicos/cristãos, vocês ouvem outros artistas?


Jean Carllos: Temos influências diferentes. Vou falar das minhas. Gosto de rock melódico, Stratovarius, Malmeesten. Gosto de progressivo, Dream Theater, Rush. Gosto de rock banhado à hammond, Deep Purple. Gosto de coisas novas, como o new metal, Link in Park, Evanescense. Gosto de música instrumental, Oscar Piterson, Charle Parker. Gosto de música erudita, Bach, Chopin. Gosto da música experimental do Perfect Circle, Sound Garden, etc. Gosto da nossa música, a MPB brasileira, do maestro Tom Jobim. Do nosso meio, gosto de Bride, Stryper, Petra, Newboys, Dc Talk, Jar of Clay, Thrid Day. Basicamente isso.


O mais recente álbum, “Além do que os Olhos Podem Ver”, lançado em 2005, traz elementos do rock progressivo e bastante hard rock. É a linha musical que a banda pretende seguir daqui em diante?


Jean Carllos: Talvez. Somos músicos, amantes da boa música. Amamos o progressivo e suas virtuoses. Mas isso não é regra. Pode ser que mudemos um pouco a referência. Não sabemos o que vai acontecer amanhã. Mas de uma coisa eu sei, o rock será sempre o estilo, seja ele qual vertente tomar.


Existem planos para um próximo álbum?


Jean Carllos: Já estamos na produção do mesmo. Previsto para o 1º trimestre de 2007.


Como foi a participação na Expo Music 2006?


Jean Carllos: Ótima. Eu diria que a cada ano as coisas melhoram para nós. Espero que continue assim, e que possamos influenciar cada vez mais a galera a buscar ser bons músicos e principalmente, a mudar de vida.


Como está a atual turnê?


Jean Carllos: Dividida entre a produção do novo CD e as viagens. Mas temos feito em média 8 a 10 shows por mês.


Obrigado por responderem essa entrevista. Para finalizar, gostariam de deixar algum recado aos fãs?


Jean Carllos: Sim, sempre. Que o que falamos possa produzir em cada um que ouve a nossa música, um novo conceito, uma nova vida. Falamos muito em Deus. E falamos porque amamos o que temos e nos faz tão bem, que queremos dar isso ao mundo, a você que não conhece o G3 e a você que nos ouve há anos. Experimente. Se você não gostar, pode sair e voltar a viver como você desejar. Diferente de tudo o que te oferecem isso só faz bem, e é a única coisa no mundo que não tem contra-indicação. Obrigado pelo espaço cedido a nós, estamos muito gratos por poder expressar o que sentimos, pensamos e acreditamos aqui. Grande abraço e contem conosco sempre que desejarem.
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